“O que é possível na poesia é inverossímil fora dela e Aristóteles afirmava ser verossímil que, na poesia, ocorram coisas inverossímeis(...) A poesia é uma outra linguagem, porque nela se criam realidades que tem existência intelectual e corporalidade oral, que não são possíveis fora dela”
(Antonio Gamoneda)
Não seria um exagero dizer que a poesia não tem o lugar que merece nos meios de comunicação de todo o mundo.
Cabe a nós, poetas, escritores e professores tentarmos reverter o quadro, que não é uma realidade específica de um determinado país, mas sim uma constatação unânime de vários paises.
No Brasil, por exemplo, que investe muito pouco em política cultural, temos outros agravantes que fazem perdurar esta triste realidade:
Uma cultura não leitora fomentada desde a colonização portuguesa, onde somente os filhos dos brancos poderiam estudar, esse fato elitista e preconceituoso, foi se agravando com as ditaduras civis e militares que dominaram nosso país desde sua formação republicana.
Os ditadores obviamente, não tinham interesse em formar cidadãos pensantes, muito menos, leitores que fossem capazes de colocar em xeque as mazelas de um sistema decadente. A impressa por sua vez, era calada por decretos autoritários e diversos tipos de punições.
Na década de 60 enquanto o mundo percorria o caminho das lutas democráticas , tínhamos 50% de analfabetos no Brasil, e um povo que vivia alienado da política, e dos fatos que evidenciavam cassações e mortes até hoje não esclarecidas.
Então, posso afirmar que o povo brasileiro não tem a tradição da leitura, e por sua vez, o prazer leitor também não é formado nas escolas.
Temos um contingente enorme de crianças e jovens analfabetos funcionais, isto é, que freqüentam as escolas, mas não aprendem, que chegam ao final do ensino médio mal sabendo ler e escrever..
Algumas pesquisa recentes realizadas no Brasil, constataram que no universo escolar poucos são os alunos que conseguem compreender o que lêem.Esse resultado desagradável foi discutido durante alguns dias nos meios de comunicação sem que se apresentassem propostas viáveis para resolver os problemas.
O Governo Brasileiro entretanto tem procurado alternativas, consideradas viáveis mais ainda muito limitado, se formos pensar a nível de continente
O projeto intitulado “Literatura em minha casa”, foi implementado no Governo Fernando Henrique Cardoso e dado continuidade no primeiro mandato do governo Lula.
O programa consistia em distribuir gratuitamente em todas as escolas públicas brasileiras, um kit gratuito com 5 livros de poesias, contos, novelas, e peças de teatro de clássicos da literatura nacionais e internacionais que os alunos levavam para casa e assim,estimulados a ler em família. Para vários alunos esta experiência foi a primeira e única aquisição de um livro.
Uma pena que tenha acabado.
Existia um outro programa governamental intitulado Programa Nacional de Biblioteca Escolar onde as escolas públicas recebiam gratuitamente e anualmente centenas de títulos da literatura brasileira e mundial.
O objetivo era incentivar nas crianças e nos professores o gosto pela leitura e pelo saber
Eram ações que fazima parte de uma Política de Formação de Leitores que democratizava o acesso de alunos e professores à cultura e à informação,contribuindo, dessa forma, para o fomento à prática da leitura e para a formação de professores e alunos.
Porque parou? Parou por quê?
Esses programas eram maravilhosos.
Levar poesia, o conto, a dramaturgia a quem nunca teve acesso a essas temáticas.
E não existe canal mais eficaz para resgatar a cultura e um povo do que através da literatura.
E a escola é esse veículo da divulgação cultural, ética, o canal de resgate da nossa imagem como povo.
Todos sabem que a força dos meios de comunicação é tão forte e tão infiltradora que é capaz de tornar uma criança num consumidor compulsivo, num catalizador de conceitos estabelecidos, por vezes nada éticos.
Porque não usar essa força em favor próprio, estimulando a leitura?
Mas o Estado não é capaz de criar mecanismos para fomentar o interesse leitor. Principalmente do leitor de poesia.
Os meios de comunicação investem no discurso que a poesia é uma leitura das elites,das classes abastadas, e no entanto , a poesia é uma das primeiras manifestações literárias do homem como ser criativo.
A poesia dorme no coração do homem.
Então, é preciso resistir.
A resistência cultural é importante para a sobrevivência da poesia.
Não é mais possível que as editoras continuem ignorando a poesia dizendo que poesia não vende livros e continuem preferindo trabalhar com escritores consagrados em detrimento de outros, porque é mais fácil conseguir espaço na mídia e assim vender mais exemplares.
A invenção da Imprensa e o aparecimento da Internet são dois momentos históricos que modificaram o panorama da cultura, apesar dos 4 séculos que os separam.
A internet então está se tornando um meio de comunicação que vai se firmando como um canal onde a poesia vai sobrevivendo de maneira colaborativa e que cada vez se torna mais é uma ferramenta cultural máxima para a proliferação da poesia e da autonomia literária.
Os sites culturais poéticos sérios e respeitados acabam se transformando numa grande alternativa de divulgação da poesia e acabam se tornando por vezes o único meio de publicação, principalmente para os autores novos, tornando-se um suporte importante para a literatura. Embora acreditemos que o livro sempre terá seu lugar na vida humana.
Infelizmente a internet ainda não é um meio de comunicação de massas, e não atinge aos milhões de pessoas que não detém desse meio eletrônico.
Novamente a poesia recai sobre um público limitado, mas muito maior do que o do suporte livro. Para que os poetas voltem a fazer parte das cidades, das ruas, das escolas, da vida do homem é preciso continuarmos resistindo nas nossas casas, salas de aula, locais de trabalhos.
Trazendo as possibilidades de leitura á tona, como se fossem caixinhas de surpresa que nos encantam com uma música mágica.
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(Antonio Gamoneda)
Não seria um exagero dizer que a poesia não tem o lugar que merece nos meios de comunicação de todo o mundo.
Cabe a nós, poetas, escritores e professores tentarmos reverter o quadro, que não é uma realidade específica de um determinado país, mas sim uma constatação unânime de vários paises.
No Brasil, por exemplo, que investe muito pouco em política cultural, temos outros agravantes que fazem perdurar esta triste realidade:
Uma cultura não leitora fomentada desde a colonização portuguesa, onde somente os filhos dos brancos poderiam estudar, esse fato elitista e preconceituoso, foi se agravando com as ditaduras civis e militares que dominaram nosso país desde sua formação republicana.
Os ditadores obviamente, não tinham interesse em formar cidadãos pensantes, muito menos, leitores que fossem capazes de colocar em xeque as mazelas de um sistema decadente. A impressa por sua vez, era calada por decretos autoritários e diversos tipos de punições.
Na década de 60 enquanto o mundo percorria o caminho das lutas democráticas , tínhamos 50% de analfabetos no Brasil, e um povo que vivia alienado da política, e dos fatos que evidenciavam cassações e mortes até hoje não esclarecidas.
Então, posso afirmar que o povo brasileiro não tem a tradição da leitura, e por sua vez, o prazer leitor também não é formado nas escolas.
Temos um contingente enorme de crianças e jovens analfabetos funcionais, isto é, que freqüentam as escolas, mas não aprendem, que chegam ao final do ensino médio mal sabendo ler e escrever..
Algumas pesquisa recentes realizadas no Brasil, constataram que no universo escolar poucos são os alunos que conseguem compreender o que lêem.Esse resultado desagradável foi discutido durante alguns dias nos meios de comunicação sem que se apresentassem propostas viáveis para resolver os problemas.
O Governo Brasileiro entretanto tem procurado alternativas, consideradas viáveis mais ainda muito limitado, se formos pensar a nível de continente
O projeto intitulado “Literatura em minha casa”, foi implementado no Governo Fernando Henrique Cardoso e dado continuidade no primeiro mandato do governo Lula.
O programa consistia em distribuir gratuitamente em todas as escolas públicas brasileiras, um kit gratuito com 5 livros de poesias, contos, novelas, e peças de teatro de clássicos da literatura nacionais e internacionais que os alunos levavam para casa e assim,estimulados a ler em família. Para vários alunos esta experiência foi a primeira e única aquisição de um livro.
Uma pena que tenha acabado.
Existia um outro programa governamental intitulado Programa Nacional de Biblioteca Escolar onde as escolas públicas recebiam gratuitamente e anualmente centenas de títulos da literatura brasileira e mundial.
O objetivo era incentivar nas crianças e nos professores o gosto pela leitura e pelo saber
Eram ações que fazima parte de uma Política de Formação de Leitores que democratizava o acesso de alunos e professores à cultura e à informação,contribuindo, dessa forma, para o fomento à prática da leitura e para a formação de professores e alunos.
Porque parou? Parou por quê?
Esses programas eram maravilhosos.
Levar poesia, o conto, a dramaturgia a quem nunca teve acesso a essas temáticas.
E não existe canal mais eficaz para resgatar a cultura e um povo do que através da literatura.
E a escola é esse veículo da divulgação cultural, ética, o canal de resgate da nossa imagem como povo.
Todos sabem que a força dos meios de comunicação é tão forte e tão infiltradora que é capaz de tornar uma criança num consumidor compulsivo, num catalizador de conceitos estabelecidos, por vezes nada éticos.
Porque não usar essa força em favor próprio, estimulando a leitura?
Mas o Estado não é capaz de criar mecanismos para fomentar o interesse leitor. Principalmente do leitor de poesia.
Os meios de comunicação investem no discurso que a poesia é uma leitura das elites,das classes abastadas, e no entanto , a poesia é uma das primeiras manifestações literárias do homem como ser criativo.
A poesia dorme no coração do homem.
Então, é preciso resistir.
A resistência cultural é importante para a sobrevivência da poesia.
Não é mais possível que as editoras continuem ignorando a poesia dizendo que poesia não vende livros e continuem preferindo trabalhar com escritores consagrados em detrimento de outros, porque é mais fácil conseguir espaço na mídia e assim vender mais exemplares.
A invenção da Imprensa e o aparecimento da Internet são dois momentos históricos que modificaram o panorama da cultura, apesar dos 4 séculos que os separam.
A internet então está se tornando um meio de comunicação que vai se firmando como um canal onde a poesia vai sobrevivendo de maneira colaborativa e que cada vez se torna mais é uma ferramenta cultural máxima para a proliferação da poesia e da autonomia literária.
Os sites culturais poéticos sérios e respeitados acabam se transformando numa grande alternativa de divulgação da poesia e acabam se tornando por vezes o único meio de publicação, principalmente para os autores novos, tornando-se um suporte importante para a literatura. Embora acreditemos que o livro sempre terá seu lugar na vida humana.
Infelizmente a internet ainda não é um meio de comunicação de massas, e não atinge aos milhões de pessoas que não detém desse meio eletrônico.
Novamente a poesia recai sobre um público limitado, mas muito maior do que o do suporte livro. Para que os poetas voltem a fazer parte das cidades, das ruas, das escolas, da vida do homem é preciso continuarmos resistindo nas nossas casas, salas de aula, locais de trabalhos.
Trazendo as possibilidades de leitura á tona, como se fossem caixinhas de surpresa que nos encantam com uma música mágica.
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