Homenagem a afro-brasileiros históricos destaca anistia a João Cândido

Saudação em ioruba, cenário com personalidades afro-brasileiras, músicas com temática negra e homenagem ao marinheiro João Cândido marcaram nesta terça-feira, 25, a abertura da 4ª Semana da Consciência Negra do Ministério da Educação. O tema central das atividades, que se estenderão até sexta-feira, 28, é a valorização das personalidades negras brasileiras.

“É um gesto que o país aprendeu a fazer recentemente”, afirmou o ministro da Educação, Fernando Haddad, em relação à valorização e à inclusão do negro. Durante a cerimônia, o ministro entregou ao filho do marinheiro João Cândido, Adalberto Cândido, uma placa em homenagem à promulgação da anistia de seu pai e pelos 98 anos da Revolta da Chibata.

João Cândido é a expressão da luta pela cidadania, e o Brasil precisa valorizar seus heróis - disse Haddad

“João Cândido é a expressão da luta pela cidadania, e o Brasil precisa valorizar seus heróis”, disse Haddad. Conhecido como Almirante Negro, João Cândido liderou a revolta em 1910, no Rio de Janeiro. Ele lutou contra os maus-tratos então impostos aos marinheiros de baixas patentes, que eram punidos com chibatadas. Após o conflito, foi expulso da Marinha e considerado traidor.

Com a concessão da anistia a todos os que participaram do movimento, publicada no Diário Oficial da União em 24 de julho deste ano, o nome de João Cândido passou a ser finalmente reconhecido como o de um herói. “Meu pai foi um homem que lutou pela dignidade do homem”, disse Adalberto.

O representante da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) da Presidência da República, Martius Chagas, comemorou as ações de inclusão do afrodescendente na sociedade. “Até 2003, ações de inclusão eram pontuais. Hoje, há uma entrada da população negra nos espaços sociais”, destacou. Para ele, o Programa Universidade para Todos (ProUni) é fundamental para essa mudança. “Só conquistamos igualdade de condições pela educação.”

“Os indicadores dão conta do avanço expressivo da condição do negro”, reforçou o ministro. Para Haddad, o trabalho da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad) revela a preocupação institucional do MEC com a temática étnico-racial. “A lei mais recente é a 10.639, importante para que tomemos consciência de como foi forjada a nação”, ressaltou o ministro, em referência à legislação que torna obrigatório o ensino da história e da cultura afro-brasileiras no currículo das escolas de educação básica.

No encerramento da cerimônia, a cantora Renata Jambeiro interpretou O Mestre-Sala dos Mares. A música de Aldir Blanc e João Bosco aborda a história de João Cândido. Estampavam o cenário do palco personalidades de destaque, como Clementina de Jesus, Cartola e Machado de Assis.

Por Maria Clara Machado no site do MEC

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