Escola que pensa- A Formação do Formador

Acabei de ler o artigo da Professora Laura Monte Serrat Barbosa intitulado -A escola é lugar de gente que pensa sobre o que faz e faz o que pensa-(1).
Fiquei muito feliz por ver o eco do meu pensamento ali retratado.
O texto fala da formação do formador e de como os vários cursos que fazemos, às vezes,caem no solo infértil do cotidiano.
Eu acredito que a formação continuada mais do que uma demanda das secretarias de educação e dos orgãos governamentais, é uma demanda do próprio professor que sabe da importância de se formar, para enfrentar os desafios do ensino aprendizagem e as várias mazelas que infelizmente o cerceam,como a violência, as drogas, a desmotivação visceral dos alunos, ou até mesmo impedimentos de como lidar com essa tal tecnologia, com a mídia cada vez mais presente em nossa vidas e etc.
Porém a maneira como a Professora Monte Serrat retrata a questão da formação continuada tem um quê de dura realidade.
Ela denomina de -falação continuada- as várias reuniões que comparecemos e que não acrescenta em nada na nossa prática pedagógica.
São meras sessões de informação onde o professor, muitas vezes obrigado a ir, apenas escuta contando as horas para ir embora ou ganhar o certificado.
Eu acrescentaria ainda, muito interessado no coffee break oferecido pelo evento.
"Esses espectadores são na verdade, sujeitos-arquivos, submetidos, para além de uma educação bancária, como diria Paulo Freire, mas a uma educação colecionadora(...)que coleciona além de tudo, fotografiass, slides, certificados, e autografos"(p.26)diz a professora Monte Serrat.
Triste? irônico?
Sim. Mas essa é uma realidade da qual não podemos fugir. Nem omitir. Ou fingir que ela não exista.
Seguindo a analogia que A está para B, assim como C está para D, então, se temos uma -falação continuada- isso implica que temos uma -escutação continuada-
Há excessões? Sempre, graças a Deus.
Há profissionais que tem uma enorme vontade que a coisa dê certo, que ao participarem de palestras, conferências e jornadas pedagógicas carregam os ditos e vistos para a sua bagagem e vão se instrumentalizando no seu saber-fazer.
Sou defensora de uma formação continuada dinâmica, de preferência em serviço, que é onde as coisas acontecem, tendo o Coordenador Pedagógico como mediador e provocador das questões que precisam ser potencializadas.
O Coordenador não é o salvador messiânico,mas vai exercer aquela que é uma das suas funções práticas:construir junto com os professores as soluções para os problemas enfrentados na escola.
O Coordenador Pedagógico através de seus instrumentos de observação e vivência do cotidiano é aquele que será capaz de propor dinâmicas, rodas de conversa, trocas que são importantes para o conjunto.
Nada melhor do que o vivido compartilhado.
Trazer a palestra, a conferência, a jornada pedagógica para a escola, para a sala de aula, torná-las operantes no meio de todos e a serviço da aprendizagem.
A escola é este espaço de mudar, de criar, de reelaborar, de rever o que foi feito ou o que ainda não foi feito.
Escola é lugar de vida, de cooperação, de contagem regressiva não para o término da palestra, mas de contagem regressiva para a solução dos conflitos, para solução dos enfrentamentos diários da sala de aula.
Lugar de tranformação que ao se tranformar, transforma as pessoas e transforma o mundo.

1- In:Professor- A Formação dos Professores Formadores- Org. Isabel Paroulin , ED. Positivo, 2009.

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