O trabalho Pedagógico e as Diferenças

"Diego não conhecia o mar. O pai, Santiago Kovadloff, levou-o para que descobrisse o mar.

Viajaram para o Sul.

Ele, o mar, estava do outro lado das dunas altas, esperando.
Quando o menino e o pai enfim alcançaram aquelas alturas de areia, depois de muito caminhar, o mar estava na frente dos seus olhos.

E foi tanta a imensidão do mar, e tanto seu fulgor, que o menino ficou mudo de beleza.

E quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai:
- Me ajuda a olhar!"
(Eduardo Galeano, 1981:15)

Assim como Diego precisamos olhar...

Olhar para uma imensidão chamada:O outro.

Na educação, como em qualquer outra variante da vida, o outro tem importância fundamental no nosso agir, no nosso pensar. O outro contém e está contido em nós.

Como querer ser um educador se não apreciamos as diferenças de pensamento, de valores,de cor de pele, de agir?

Como se educador sem fazer avaliações políticas de conjuntura histórica?

Como se educador e querer homogeneizar a vida? as pessoas? os pensamentos?

A grandeza da vida está justamente em saber lidar com isso tudo.A grandeza do educador está em lidar com as diferenças e saber tirar delas recursos para ensinar.

Não apenas o conteúdo historicamente elaborado.Mas o conteúdo que é a própria vida.

Sempre converso com minhas equipes que para o trabalho efetivamente dar certo precisamos desmistificar a idéia do aluno pedagogicamente pronto, com conteúdos previamente elaborados.

Este aluno não existe. Porque é homem, e se é homem, está repleto de incompletude.Já dizia Paulo freire.

Para o trabalho pedagógico dar certo,o professor tem que entender que a sua ética, os seus valores não são os mesmos dos seus alunos.

Pude perceber na prática que esse é um dos maiores conflitos na relação educador/educando adolescente.

Porque o professores entendem que o aluno tem que obrigatoriamente pensar do mesmo jeito que ele, acreditar nas mesmas coisas, rezar na mesma cartilha.

E aí que voltamos a questão das diferenças.

A diversidade existe, e ela deve ser trabalhada, primeiramente, por nós educadores.
Pensar e repensar a questão das diferenças é questão de fôro pessoal, e é imprescindível para quem pretende educar.

As diferenças se tomadas a ferro e fogo, sem o respeito necessário que elas merecem, se tornam barreiras intrasponíveis de aprendizagem.

Mas, as diferenças, se entendidas como algo que está posto, e que podem e devem ser trabalhadas como algo proveitoso, que vai trazer amadurecimento intelectual, social, ético, étnico, dialético, se torna um ponto de partida para uma relação respeitosa e um ensino aprendizagem mais democrático, abrangente e interessante.

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